Um fariseu orgulhoso de seu estilo formal e impostado.
Sou contra a sua cassação. É imprescindível que o canalha permaneça com seu mandato, desfilando como um zumbi maltrapilho e exalando seu odor fétido por todo o Senado. Enterrado vivo a demonstrar que a vestal mais importante não era digna da guarda do santuário. E, também, para servir de exemplo a quem ouvir as futuras declarações de um ainda perfumado Álvaro Dias.
Além do mais, seu suplente – o empresário Wilder Pedro de Morais, secretário de Infra-estrutura do governador de Goiás – está por dentro dos negócios e faz parte da quadrilha de Cachoeira. O empresário ofereceu muitos jantares para o contraventor em sua casa e foi assim que Cachoeira conheceu e se relacionou com Andressa Alves Mendonça, ex-mulher do suplente e atual mulher do contraventor.
Dizem que ela levou uma surra antes de ir morar com Cachoeira.
“A mulher do meu suplente o deixou e passou a viver com Cachoeira. Eu e minha mulher tivemos de resolver esse problema. Por isso houve tantas ligações e encontros” – assim Demóstenes justificou as 298 conversas telefônicas com Cachoeira, entre fevereiro e agosto de 2011,
Com a possibilidade de Wilder herdar seis anos e meio de mandato, sua ex-mulher, naturalmente instruída pelo atual marido, afirma: “Eu conheci o Carlinhos por meio do Wilder. Hoje eles não são amigos, são inimigos”.
Só pode ser caô pra salvar a suplência. Andressa é proprietária de uma franquia de roupas íntimas num shopping de Goiânia que tem Wilder como sócio.
Mas, deixemos pra lá estas fofocas conjugais e vamos ao que interessa.
Este caso me faz lembrar do primeiro político a tomar um banho do Cachoeira. Foi um deputado federal, meu amigo, pato novo em Brasília que quis dar um mergulho fundo para favorecer deputados estaduais fluminenses.
Ele não tinha o envolvimento sujo com o contraventor como Demóstenes. Em momento algum tentou se passar como exemplo da ética, nem protegeu o Cachoeira em suas negociatas e artimanhas. Apenas, a pedido de ex-colegas, tentou obter vantagens financeiras com o contraventor para pagar o voto daqueles que o inocentariam na CPI da Loterj.
A conversa que tiveram, em Brasília, foi toda gravada por Cachoeira e publicada na Veja que reproduziu a proposta do deputado: "São quarenta deputados, a 100 cada um, dá 4 milhões. Quando acabar a votação a gente chama os caras. Divide em dois (pagamentos). Na primeira votação, xis. Na segunda votação, o restante."
A partir daí, houve o escândalo que ganhou todas as primeiras páginas dos jornais de todo o país. E o deputado foi cassado após cumprir apenas um ano e cinco meses de mandato.
Não estou aqui para defender ninguém, nem uma atitude assim tão insensata, só quero mostrar que o relacionamento da Veja com a quadrilha de Cachoeira vem de longa data, como o Luiz Nassif escreveu em seu blog, citando inclusive este caso.
O autor da reportagem foi Policarpo Junior que a Veja tenta agora defender com estas palavras gravadas de Cachoeira: “O Policarpo nunca vai ser nosso”.
Na mesma gravação, porém, Cachoeira diz: “Eu já ajudei ele demais da conta. Entendeu? Demais da conta!... Porque os grandes furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos... Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos já foram, rapaz. E tudo via Policarpo... ... Quantas matérias nós já demos para o Policarpo, o grupo já deu? Quantas?... Nós temos de ter jornalista na mão, ô Jairo. Nós temos que ter jornalista.”
Luiz Nassif relaciona em seu blog as matérias sem qualquer verossimilhança que Cachoeira plantou na Veja e que, claro, nunca foram provadas, com exceção do caso do meu amigo deputado.
É Nassif quem diz:
“Em 2008 dei início à primeira batalha de um Blog contra uma grande publicação no Brasil.
Foi “O Caso de Veja”, uma série de reportagens denunciando o jornalismo da revista Veja. Nela, selecionei um conjunto de escândalos inverossímeis, publicados pela revista. Eram matérias que se destacavam pela absoluta falta de discernimento, pela divulgação de fatos sem pé nem cabeça.
A partir dos “grampos” em Carlinhos Cachoeira foi possível identificar as matérias que montava em parceria com a revista. A maior parte delas tinha sido abordada na série, porque estavam justamente entre as mais ostensivamente falsas.
Com o auxílio de leitores, aí vai o mapeamento das matérias:
Graças ao grampo, é possível mapear alguns dos “furos” mencionados na conversa entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira com o PM-araponga Jairo Martins, um ex- agente da Abin que se vangloria de merecer um Prêmio Esso por sua colabooração com Veja em Brasília. Martins está preso, junto com seu superior na quadrilha de Cachoeira, o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, fonte contumaz de jornalistas – com os quais mantém relações de agente duplo, levando e trazendo informações do submundo da arapongagem.
O primeiro registro da associação entre Veja e Cachoeira está numa reportagem de 2004, que desmoralizou uma CPI em que o bicheiro era investigado. Em janeiro daquele ano, Cachoeira foi a fonte da revista Época, concorrente de Veja, na matéria que mostrou Waldomiro Diniz, sub de José Dirceu, pedindo propina ao bicheiro quando era dirigente do governo do Rio (2002). Depois disso, Cachoeira virou assinante de Veja.
As digitais do bicheiro e seus associados, incluindo o senador Demóstenes Torres, estão nos principais furos da Sucursal de Brasília ao longo do governo Lula: os dólares de Cuba, o dinheiro das FARC para o PT, a corrupção nos Correios, o espião de Renan Calheiros, o grampo sem áudio, o “grupo de inteligência” do PT.
O que essas matérias têm em comum:
1) A origem das denúncias é sempre nebulosa: “um agente da Abin”, “uma pessoa bem informada”, “um espião”, “um emissário próximo”.
2) As matérias sempre se apoiam em fitas, DVDs ou cópias de relatórios secretos – que nem sempre são apresentados aos leitores, se é que existem.
3) As matérias atingem adversários políticos ou concorrentes nos negócios de Cachoeira e Demóstenes Torres (o PT, Lula, o grupo que dominava os Correios, o delegado Paulo Lacerda, Renan Calheiros, a campanha de Dilma Rousseff)
4) Nenhuma das denúncias divulgadas com estardalhaço se comprovou (única exceção para o pedido de propina de 3 mil reais no caso dos Correios).
5) Assim mesmo, todas tiveram ampla repercussão no resto da imprensa.
CONFIRA AQUI A CACHOEIRA DOS FUROS DA VEJA EM ASSOCIAÇÃO COM DEMÓSTENES, ARAPONGAS E CAPANGAS DO BICHEIRO PRESO:
1) O CASO DO BICHEIRO VITIMA DE EXTORSÃO
Revista Veja Edição 1.878 de 3 de novembro de 2004
http://veja.abril.com.br/031104/p_058.html
2) O CASO DO DINHEIRO DAS FARC
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 1896 de 16 de março de 2005
http://veja.abril.com.br/160305/p_044.html
Capítulo 2 – Revista Veja Edição 1.899 de 6 de abril de 2005
http://veja.abril.com.br/060405/p_054.html
3) O CASO MAURICIO MARINHO
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 1.905 de 18 de maio de 2005
http://veja.abril.com.br/180505/p_054.html
4) O CASO DOS DÓLARES DE CUBA
Revista Veja Edição 1.929 de 2 de novembro de 2005
http://veja.abril.com.br/021105/p_046.html
http://www.febrac.org.br/showClipping.php?clipping=30305&cod=7112)
5) O CASO FRANCISCO ESCÓRCIO
Revista Veja Edição 2.029 de 10 de outubro de 2007
http://veja.abril.com.br/101007/p_060.shtml
6) O CASO DO GRAMPO SEM ÁUDIO
Capítulo 1 – Revista Veja, Edição 2022, 22 de agosto de 2007
http://veja.abril.com.br/220807/p_052.shtml
Capítulo 2 – Revista Veja Edição 2073 de 13 de agosto de 2008
http://veja.abril.com.br/130808/p_056.shtml
Capítulo 3 – Revista Veja Edição 2.076 de 3 de setembro 2008
http://veja.abril.com.br/030908/p_064.shtml
7) O CASO DO “GRUPO DE INTELIGÊNCIA” DO PT
Capítulo 1 – Revista Veja Edição 2.167 de 2 de junho de 2010
http://veja.abril.com.br/020610/ordem-casa-lago-sul-p-076.shtml
Capítulo 2 – Revista Veja Edição de julho de 2010
http://veja.abril.com.br/090610/era-levantar-tudo-inclusive-coisas-pessoais-p-074.shtml
Todas as reportagens são da lavra de Policarpo Junior. Leia e veja que as suas fontes são o ex-sargento Idalberto Matias, o Dadá, capanga de Cachoeira e contato do bicheiro com a Veja e Jairo Martins, o policial associado a Policarpo Junior também capanga do contraventor.
Agora, a última novidade do caso: Cachoeira queria ampliar os seus negócios e
orientou Demóstenes a trocar o DEM pelo PMDB para aderir à base de apoio ao governo e se aproximar da presidenta.
Cachoeira diz assim na gravação: "E fica bom demais se você for pro PMDB... Ela quer falar com você? A Dilma quer falar com você, não?"
Demóstenes responde: "Por debaixo, mas se eu decidir ela fala. Ela quer sentar comigo se eu for mesmo. Não é pra enrolar".
Cachoeira se empolga: "Ah, então vai, uai, fala que vai, ela te chama lá".
Demóstenes demonstra estar disposto a acatar a recomendação. Era final de abril de 2011 e o senador democrata estava em negociação com Renan Calheiros e José Sarney para mudar de legenda.
O objetivo da troca de lado era posicionar melhor Demóstenes para ajudar o esquema de Cachoeira. Até então, a vestal atacava sem piedade aqueles governistas acusados de corrupção. Com o apoio do PMDB, Demóstenes poderia até chegar ao cargo de ministro do STF.
Era o grande sonho de Cachoeira. Já imaginaram os envernizados Gilmar Dantas e Demóstenes juntos?
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