quinta-feira, 21 de julho de 2011

MÍDIA QUER PROTESTOS DE RUA

Reproduzo abaixo artigo de Altamiro Borges, publicado no blog Brasil Mobilizado, com o qual concordo plenamente.


Mídia golpista convoca protestos de rua

Por Altamiro Borges

Testando o clima político, a mídia demotucana tem atiçado os seus leitores, telespectadores e ouvintes para sentir se há condições para a convocação de protestos de rua contra o governo Dilma. O mote dos filhotes de Murdoch seria o do combate à corrupção, o da “ética”. A experiência a copiar seria a da “revolução dos indignados” na Espanha.
Na prática, o objetivo seria o de reeditar as “Marchas com Deus”, que prepararam o clima para o golpe de 1964, ou o finado movimento Cansei, de meados de 2007, que reuniu a direita paulistana, os barões da mídia e alguns artistas globais no coro do “Fora Lula”. Até agora, o teste não rendeu os frutos desejados. Mas a mídia golpista insiste!

Visão conspirativa?

A idéia acima exposta pode até parecer conspirativa, amalucada. Mas é bom ficar esperto. Nos últimos dias, vários “calunistas” da imprensa têm conclamado a sociedade, em especial a manipulável “classe média”, a se rebelar contra os rumos do país. Parece algo articulado – “una solo voz”, como se diz na Venezuela sobre a ação golpista da mídia.
O primeiro a insuflar a revolta foi Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País, num artigo de 11 de julho. O repórter, que adora falar besteiras sobre o Brasil, criticou a passividade dos nativos, chegando a insinuar que impera no país a cultura de que “todos são ladrões”. Clamando pela realização de protestos de rua, ele provocou: “Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam”.

O Globo e Folha

Logo na sequência, dia 17, O Globo publicou reportagem com o mesmo tom incendiário. O jornal quis saber por que o povo não sai às ruas contra a corrupção no governo Dilma. Curiosamente, o que prova as péssimas intenções da famiglia Marinho, o diário só não publicou as respostas do MST, que desmascaram as tramas das elites (leia aqui).
Já nesta semana, o jornal FSP (Folha Serra Presidente) entrou em campo para reforçar o coro dos “indignados”. No artigo “Por que não reagimos”, de terça-feira (19), o colunista Fernando de Barros e Silva, que nunca escondeu a sua aversão às forças de esquerda, relembrou a falsa retórica udenista do falecido Cansei.

O resmungo dos “calunistas”

“Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que a indignação resulta apenas numa carta enviada à redação ou numa coluna de jornal. Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo?”.
Hoje, 21, foi a vez de Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa do PSDB”. Após exigir que Dilma seja mais dura contra a corrupção, ela cobra uma reação da sociedade. “A corrupção virou uma epidemia… E os brasileiros que estudam, trabalham, pagam impostos e já pintaram a cara contra Collor, não estão nem aí? Há um silêncio ensurdecedor”.

Seletividade da mídia

Como se observa, o discurso é o mesmo. Ele conclama o povo a ir às ruas contra a corrupção… no governo Dilma. De quebra, ainda tenta cravar uma cunha entre a atual presidenta e o seu antecessor. A corrupção seria uma “herança maldita” de Lula. A intenção não é a de apurar as denúncias e punir os culpados, mas sim a de sangrar o atual governo.
Na sua seletividade, a mídia demotucana nunca convocou protestos contra o roubo da privataria tucana ou contra a reeleição milionária de FHC. Ela também nunca se indignou e exigiu que sejam desarquivadas as quase 100 CPIs contra as maracutaias do governo do PSDB de São Paulo. Para a mídia golpista, o discurso da ética é funcional. Só serve para os inimigos!

Acorda Dilma!

É bom a presidenta Dilma ficar esperta. O tempo está se esgotando. A fase do “namorico” com a mídia acabou. Das denúncias de corrupção, que já sangram o governo há quase dois meses, a imprensa partidarizada já passou para a fase da convocação de protestos de rua. Como principal partido da oposição, a mídia retomou a ofensiva. E o governo se mantém acuado, paralisado, sem personalidade.

sábado, 16 de julho de 2011

“SE DEPENDESSE DA GLOBO, EU ESTARIA MORTA”

A declaração da jornalista Cristina Guimarães – vencedora do Prêmio Esso de Reportagem, em 2001, junto com Tim Lopes, pela série “Feira das drogas” – promete causar polêmica e agitar os bastidores do caso que ficou conhecido em todo o país.
De volta ao Brasil após passar oito anos se escondendo de traficantes da Rocinha, que ameaçavam matá-la depois de reportagem veiculada no Jornal Nacional, ela conta em livro como a TV Globo lhe virou as costas e garante que Tim Lopes poderia estar vivo se a emissora tivesse dado atenção às ameaças recebidas.
De acordo com Cristina, sete meses antes de Tim ser morto por traficantes do Complexo do Alemão, ela entrou com uma ação judicial de rescisão indireta, na qual reclamava da falta de segurança para jornalistas da emissora. As denúncias integram o livro que está sendo escrito por Cristina e deve ser lançado nos Estados Unidos, no início do próximo ano. A obra, segundo a jornalista e publicitária, também deve virar filme.
“Não dava para escrever meu livro no Brasil. Aqui a Globo ainda tem uma influência muito forte e a obra poderia ser abafada de alguma maneira. Com o apoio do governo americano, fica mais fácil lançar nos EUA”, pondera.
O que motivou as suas denúncias de omissão contra a TV Globo na Justiça?
Trabalhei durante 12 anos na TV Globo. Em 2001, estava fazendo produção para o Jornal Nacional junto com o Tim Lopes. Produzíamos as matérias de jornalismo investigativo do telejornal. Quando o Tim trouxe o material da feira de drogas ao ar livre na Favela da Grota (Complexo do Alemão), a chefia de reportagem me chamou e perguntou se eu conhecia outras feiras deste tipo. Respondi que na Rocinha e na Mangueira o mesmo acontecia e a chefia do JN me pediu para fazer imagens lá. Fui três vezes à Rocinha e duas à Mangueira, para conseguir um bom material. Na primeira vez que estive nos dois lugares, reclamaram que as imagens não estavam boas e exigiram que eu voltasse até o material estar com boa qualidade. O grande problema começou um mês depois da exibição da série. Comecei a ser duramente ameaçada por traficantes, sem nenhum respaldo da emissora, e decidi ingressar com uma ação judicial pedindo segurança.
Quando começaram as ameaças de traficantes?
Por volta de um mês depois da exibição das matérias, começaram a me telefonar de um orelhão que fica dentro da Favela da Rocinha me chamando de ‘Dona Ferrada’ e dizendo que me pegariam. Diziam também que eu não escaparia, era questão de tempo. Diante das constantes ligações, conversei com a chefia do JN e pedi proteção. Fui ignorada. Dias depois, sequestraram um produtor do Esporte Espetacular, o levaram para um barraco na Rocinha. Bateram muito no coitado. Os traficantes queriam saber se ele sabia quem tinha ido à favela fazer as imagens, mas o produtor não sabia. Era de uma editoria diferente da minha e realmente não sabia. O que me assustou foi que a TV Globo não me falou nada. Eu estava voltando de um mês de férias e soube do episódio pela Folha de S. Paulo. Quiseram abafar as ameaças e a ligação entre os dois casos: as ameaças feitas contra mim e o sequestro do Carlos Alberto de Carvalho. O episódio me deixou ainda mais assustada, porque aí eu tive a certeza de que não podia contar com a emissora para nada. Procurei a polícia, registrei o caso na 10ª DP (Gávea), mas acho que sentaram em cima do processo. Na verdade, devem estar esperando para ouvir a outra parte – os traficantes. (risos).
Então, com a denúncia à polícia as ameaças não pararam?
Muito pelo contrário. A coisa corria solta e ninguém fazia absolutamente nada. Mas o que tirou meu sono foi quando prenderam um garoto da Rocinha que pagava propina a um coronel. Fui cobrir o caso e me desesperei. Ao encontrar o moleque detido, ele olhou bem para mim e disse ‘É, tia! Eu tô ferrado, mas tu também tá. Tá todo mundo atrás de você lá na Rocinha. Tua cabeça tá valendo R$ 20 mil’. Naquele momento, tomei a dimensão da situação em que eu me encontrava. Ele descreveu a roupa que eu usava quando ia à favela fazer as imagens. Todo o meu disfarce: meu boné surrado, a bermuda, a cor da camiseta.

Com o processo você conseguiu desligamento da TV Globo?
Sim. Por meio da ação judicial que emplaquei no Ministério do Trabalho, meu vínculo com a TV Globo acabou. Sinceramente, hoje eu tenho mais medo da TV Globo do que dos traficantes. O traficante pode te ameaçar e ser violento. No entanto, ele avisa e depois cumpre. A TV Globo é traiçoeira. Enquanto você é subordinado e faz o que te pedem, você é bonzinho. Já quando você questiona os riscos que ela te impõe e se nega a fazer alguma coisa por temer pela sua própria vida, você é tachado de louco. Traficantes me parecem mais confiáveis.
Você acha que estaria morta se não tivesse travado uma briga judicial com a TV Globo para não ser mais obrigada a produzir matérias que colocassem sua vida em jogo?
Já estaria morta há muito tempo. A Globo não quis saber se eu corria risco de vida. Os meus chefes diziam que as ameaças que eu recebia por telefone eram coisas da minha cabeça. Não me arrependo de ter largado a Globo para trás. A minha vida vale muito mais do que R$ 3.100, que era o meu salário em 2001.

A morte do Tim poderia ter sido evitada pela emissora?Sem dúvida nenhuma. Eu falei sobre os riscos que estávamos correndo sete meses antes de os traficantes do Alemão matarem o Tim Lopes. Eu implorei por atenção a estas ameaças e o que fez a TV Globo? Ignorou tudo. Sete meses depois, eles pegaram o Tim. Na ocasião do Prêmio Esso, antes de o Tim ser morto, eu liguei para ele e o alertei sobre os riscos de ter exposto seu rosto nos jornais. Na nossa profissão, é preciso ter muito cuidado para mostrar a cara. É muita ingenuidade achar que traficante não assiste TV e não lê jornal.
Procurada pela reportagem do Jornal do Brasil, a assessoria da Rede Globo não retornou às solicitações para esclarecimento das acusações desta matéria.

N.L.: Lambido do Jornal do Brasil online. Você não verá isto publicado em nenhum órgão da Rede Gloebbels.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

MANIPULAÇÕES DE O GLOBO

"Senado aprova Copa com sigilo e sem licitação
O governo venceu a batalha no Senado e aprovou com folga o regime especial que dispensa licitações e mantém o sigilo sobre obras da Copa." 
Se isto fosse verdade, mereceria manchete em corpo 90 no alto da capa do jornal. Como se trata de mera manipulação, mereceu apenas cinco centímetros de coluna.
O Globo não tem qualquer escrúpulo nem respeito pelo leitor quando quer combater o governo. Pela nova lei, não haverá dispensa de licitações nem sigilo sobre as obras.
A verdade é que nas licitações para as obras da Copa os interessados em sua execução  não mais saberão quanto o governo terá para gastar. Assim, não poderão fazer acordos entre si para participar das licitações. Cada um terá que apresentar o seu preço. Encerrada e aprovada a licitação, todos saberemos seu resultado e quanto custará a obra.
É o mesmo que acontece com cada um de nós quando vamos contratar um profissional para executar uma reforma, uma pintura, uma revisão elétrica, em nossa própria casa. Como não somos trouxas, pesquisamos o preço com alguns profissionais sem dizer a eles o quanto temos para gastar.
Não satisfeito com manipulação tão primária, O Globo apresenta a manchete "Dilma desmonta esquema de corrupção da época de Lula" sobre a exoneração do Ministro dos Transportes.
É verdade. A corrupção deste ministério vem de longe, assim como a investigação da Controladoria Geral da União e da Polícia Federal. Qualquer investigação sobre corrupção leva tempo e esta começou sob sigilo em 2009 - com Lula presidente - e somente agora foi encerrada.
Somente agora tudo ficou provado e a Dilma agiu rigorosamente demitindo os corruptos.
Simples assim, nada a ver com "corrupção da época de Lula".

sábado, 2 de julho de 2011

DOMINIQUE STRAUSS-KHAN

“Camareira deu falso testemunho ao júri”, dizem os promotores americanos.
O advogado de defesa teve dificuldade para negar informações sobre indivíduos que, nos últimos dois anos, depositaram cerca de US$ 100 mil na conta bancária da camareira que acusou DSK de estupro. E não puderam negar uma conversa telefônica com um preso na qual a suposta vítima "discutiu sobre o interesse de continuar as acusações contra Strauss-Kahn”.
Sobre o dinheiro, o advogado limitou-se a dizer que "não se trata de US$ 100 mil". Quanto à ligação com o preso, o advogado admitiu que ocorreu: "Quando estava ao telefone com este homem, que ela não sabia que era um traficante de drogas, disse o que aconteceu no quarto do hotel e foi consistente com o que havia contado ao júri e aos promotores desde o primeiro dia", afirmou o advogado.

O ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn foi libertado nesta sexta-feira de sua prisão domiciliar depois de uma reviravolta no caso, com a revelação de suspeitas sobre a credibilidade da vítima. As acusações, contudo, foram mantidas e ele não deve deixar o país até o fim do julgamento.
O escândalo levou DSK a renunciar ao cargo no FMI e acabou com suas chances de concorrer à Presidência francesa em 2012. Ele era um dos favoritos.
A acusação contra ele ainda não foi retirada. Mas, na França, Dominique foi inocentado. Em toda a mídia francesa só se fala nisso. Humilhados publicamente pelos americanos que se apressaram em condenar um dos políticos mais populares do país como um “pervertido”, os franceses tiveram o primeiro gosto de revanche contra um país que eles admiram tanto quanto detestam.
Este caso tem paralelo com o caso Palloci. Demonstra bem o que a imprensa é capaz de fazer. Em ambos, o objetivo foi apenas encerrar a carreira política de fortes candidatos ao governo. Um em São Paulo, outro na França.
Senão, por que será que a imprensa abandonou o caso Palloci e não se aprofundou nas razões do seu suposto enriquecimento “ilícito”?