É a Dilma quem põe as mãos na cabeça e exclama "Santa Maria". O que têm na cabeça os marinhos? Merda?
Este novo blog pretende reproduzir exemplos de manipulação de toda a imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta que forma um público tão vil como ela mesma. Reuniremos aqui o que Globo, Veja, Folha, Estadão e seus asseclas publicam para manipular o leitor, assim como suas mancadas. Qualquer semelhança com a atuação de Goebbels, ministro da propaganda nazista e autor da famosa frase “Uma mentira muitas vezes repetida acaba tornando-se verdade”, terá sido mera coincidência.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
DESRESPEITO
O blog do Noblat em O Globo chama isto de humor. Um desrespeito com o sofrimento de todo o povo brasileiro. Só mesmo O Globo para publicar tal patifaria.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
A LINDA PRESIDENTA NA TV
Dilma estava linda ontem na TV. Quando,
então, enérgica, altiva e desafiadora, sacaneou toda a imprensa e os jornalistas
mercenários que apostaram no racionamento e na impossibilidade da redução de
tarifas de energia, ela ficou ainda mais bonita.
“Acabo de assinar o ato que coloca em vigor, a partir de amanhã, uma forte redução na conta de luz de todos os brasileiros. Além de estarmos antecipando a entrada em vigor das novas tarifas, estamos dando índices de redução maiores do que o previsto e já anunciado. Isso significa menos despesas para cada um de vocês e para toda a economia do país. Vamos reduzir os custos do setor produtivo, e isso significa mais investimento, mais produção e mais emprego. Todos, sem exceção, vão sair ganhando.”
Até os consumidores atendidos pelas concessionárias que não aderiram ao plano do governo – em Minas Gerais, São Paulo e Paraná – serão também beneficiados.
“O Brasil não deixou de produzir um único quilowatt que precisava” – continuou a presidenta – “surpreende que, desde o mês passado, algumas pessoas, por precipitação, desinformação ou algum outro motivo, tenham feito previsões sem fundamento, quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram normalmente acionadas. Como era de se esperar, essas previsões fracassaram. Agora, com a volta das chuvas, as térmicas voltarão a ser menos exigidas. Cometeram o mesmo erro de previsão os que diziam, primeiro, que o governo não conseguiria baixar a conta de luz; depois passaram a dizer que a redução iria tardar e, por último, que ela seria menor que o índice que havíamos anunciado.”
A linda presidenta esnobou a imprensa ao afirmar que “aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás, o país avança sem retrocesso em meio a um mundo cheio de dificuldades”.
Aos jornalistas que vomitam previsões catastróficas que jamais se concretizam, ela disse “Erraram feio os que não acreditavam que era possível crescer e distribuir renda, os que pensavam ser impossível que dezenas de milhões de pessoas saíssem da miséria e os que não acreditavam que o Brasil virasse um país de classe média. Estamos vendo como erraram os que diziam meses atrás que não iríamos conseguir baixar os juros nem o custo da energia e tentavam amedrontar o nosso povo, entre outras coisas, com a queda do emprego e a perda do poder de compra do salário”.
A minha presidenta, que foi a ministra de Minas e Energia do Lula, garantiu que o Brasil vai ter energia cada vez melhor e mais barata. Que o Brasil tem e terá energia mais do que suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo. Que temos contratada toda a energia que o Brasil precisa para crescer, e bem, neste e nos próximos anos. Que a segurança energética no país foi conquistada a partir de 2004, quando houve a restruturação do setor.
“Nosso sistema é hoje um dos mais seguros do mundo, porque entre outras coisas temos fontes diversas de produção de energia, o que não ocorre na maioria dos países. Temos usinas hidrelétricas, nucleares, térmicas e eólicas. Nosso parque térmico, que utiliza gás, carvão e biomassa, foi concebido com a capacidade de compensar o nível baixo de água nos reservatórios das hidrelétricas. Praticamente todos os anos as térmicas são acionadas com menor ou maior exigência e garantem com tranquilidade o suprimento. Isso é usual, normal, seguro e correto” – afirmou sorrindo a bela presidenta encarando, olho no olho, os colunistas do apocalipse econômico-energético.
Foi um cala boca na imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta.
“Acabo de assinar o ato que coloca em vigor, a partir de amanhã, uma forte redução na conta de luz de todos os brasileiros. Além de estarmos antecipando a entrada em vigor das novas tarifas, estamos dando índices de redução maiores do que o previsto e já anunciado. Isso significa menos despesas para cada um de vocês e para toda a economia do país. Vamos reduzir os custos do setor produtivo, e isso significa mais investimento, mais produção e mais emprego. Todos, sem exceção, vão sair ganhando.”
Até os consumidores atendidos pelas concessionárias que não aderiram ao plano do governo – em Minas Gerais, São Paulo e Paraná – serão também beneficiados.
“O Brasil não deixou de produzir um único quilowatt que precisava” – continuou a presidenta – “surpreende que, desde o mês passado, algumas pessoas, por precipitação, desinformação ou algum outro motivo, tenham feito previsões sem fundamento, quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram normalmente acionadas. Como era de se esperar, essas previsões fracassaram. Agora, com a volta das chuvas, as térmicas voltarão a ser menos exigidas. Cometeram o mesmo erro de previsão os que diziam, primeiro, que o governo não conseguiria baixar a conta de luz; depois passaram a dizer que a redução iria tardar e, por último, que ela seria menor que o índice que havíamos anunciado.”
A linda presidenta esnobou a imprensa ao afirmar que “aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás, o país avança sem retrocesso em meio a um mundo cheio de dificuldades”.
Aos jornalistas que vomitam previsões catastróficas que jamais se concretizam, ela disse “Erraram feio os que não acreditavam que era possível crescer e distribuir renda, os que pensavam ser impossível que dezenas de milhões de pessoas saíssem da miséria e os que não acreditavam que o Brasil virasse um país de classe média. Estamos vendo como erraram os que diziam meses atrás que não iríamos conseguir baixar os juros nem o custo da energia e tentavam amedrontar o nosso povo, entre outras coisas, com a queda do emprego e a perda do poder de compra do salário”.
A minha presidenta, que foi a ministra de Minas e Energia do Lula, garantiu que o Brasil vai ter energia cada vez melhor e mais barata. Que o Brasil tem e terá energia mais do que suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo. Que temos contratada toda a energia que o Brasil precisa para crescer, e bem, neste e nos próximos anos. Que a segurança energética no país foi conquistada a partir de 2004, quando houve a restruturação do setor.
“Nosso sistema é hoje um dos mais seguros do mundo, porque entre outras coisas temos fontes diversas de produção de energia, o que não ocorre na maioria dos países. Temos usinas hidrelétricas, nucleares, térmicas e eólicas. Nosso parque térmico, que utiliza gás, carvão e biomassa, foi concebido com a capacidade de compensar o nível baixo de água nos reservatórios das hidrelétricas. Praticamente todos os anos as térmicas são acionadas com menor ou maior exigência e garantem com tranquilidade o suprimento. Isso é usual, normal, seguro e correto” – afirmou sorrindo a bela presidenta encarando, olho no olho, os colunistas do apocalipse econômico-energético.
Foi um cala boca na imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
O BRASIL VAI BEM, OBRIGADO
Em artigo publicado hoje em - pasmem! - O Globo e Folha de São Paulo, Elio Gaspari afirma que “Em sete anos, uma Argentina entrou para a rede bancária nacional, isso não é problema, é solução.”Elio Gaspari é o jornalista independente e imparcial que herdou do general Golbery do Couto e Silva, eminência parda do regime militar, toda a documentação pessoal que este guardava sobre a ditadura. Baseado nestes documentos, escreveu quatro livros: A Ditadura Envergonhada, A Ditadura Escancarada, A Ditadura Derrotada e A Ditadura Encurralada.
Li os quatro e já comentei sobre eles aqui no blog. Hoje, li este texto escrito por ele que segue abaixo:
“Deve-se ao repórter Felipe Marques a informação de que os bancos brasileiros estão às voltas com um novo desafio: organizar um filtro para suas análises de crédito, capaz de absorver 42,5 milhões de novos clientes que entraram no circuito financeiro entre 2005 e 2012. Há muito tempo não aparecia notícia tão boa. Em sete anos, a clientela da rede bancária cresceu uma Argentina. Pindorama vive uma época de perplexidade vocabular. Primeiro, apareceu uma tal de “nova classe média”, depois, uma milagrosa “classe C” que frequenta lugares onde não ia (aeroportos, por exemplo). Outro dia Jânio de Freitas reclamou, com toda razão, que as operadoras de planos de saúde chamam sua clientela de “beneficiários”. Ora, beneficiárias são as empresas que mereceram a confiança dos fregueses. Essa nova classe é o velho e bom trabalhador brasileiro. Milhões de pessoas que viviam nas fímbrias da sociedade, trabalhando sem carteira assinada e raramente tinham conta em banco. Iam ao aeroporto ao domingos para apreciar pousos e decolagens.
Essa “gente diferenciada” veio para ficar. Algum pesquisador poderá confirmar que o aparecimento de 42,5 milhões de novos clientes num sistema bancário é um fenômeno mundialmente inédito. O número foi levantado há poucos meses pelo Banco Central. Ele decorre da ampliação do mercado de trabalho formal, batendo a marca dos 50 milhões de brasileiros.
Esse trabalhador tem conta em banco, direitos trabalhistas, crédito nas lojas que vendem móveis e fornos de micro-ondas. É um novo cidadão. Está num mercado consumidor onde a taxa de juros média mensal (5,4%) caiu ao menor nível desde 1995, quando passou a fazer sentido acompanhar esse índice.
Nada disso teria acontecido sem Itamar Franco, que botou Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda; sem o Plano Real e os oito anos de FHC no Planalto; sem Lula, que abriu o crédito para o andar de baixo; ou sem Dilma, que forçou a baixa dos juros. Melhor assim.
O que está sobre a mesa da banca é a necessidade de se adaptar a um país que mudou. Trata-se de aproveitar a oportunidade, em vez de reclamar do fantasma da inadimplência. Ele pressupõe que a demanda de crédito de uma parte desses 42,5 milhões de novos correntistas seja uma fonte de calotes. Falta provar. A indimplência dos brasileiros oscila dentro de uma faixa que vai de 5% (2001) a 8,5% (2009). Hoje está em 7,8%. É mais alta no mercado de venda de carros (8%) e saudavelmente baixa (2%) no crédito imobiliário.
A banca deveria dar a todos os seus diretores dois retratos. O de Amadeo Giannini e o de Carlo Ponzi. Um tinha seu pequeno banco em San Francisco quando, em 1906, um terremoto destruiu a cidade. Ele tirou o dinheiro do cofre e passou a emprestá-lo na rua, contra um aperto de mão. Meses depois, seus depósitos duplicaram. Mais tarde, ergueu o Bank of America. Ponzi tomava dinheiro prometendo um retorno de 50% em 45 dias. Deu um golpe de US$ 200 milhões (em dinheiro de hoje) e acabou na cadeia. Olhando para um, farão seu serviço direito. No outro, verão a ruína. Libertado em 1939, Ponzi veio para a terra onde canta o sabiá. Morava no Rio (Rua Engenho Novo 118, prédio que não existe mais) e morreu na Santa Casa, aposentado pelo Instituto dos Comerciários.”
Li os quatro e já comentei sobre eles aqui no blog. Hoje, li este texto escrito por ele que segue abaixo:
“Deve-se ao repórter Felipe Marques a informação de que os bancos brasileiros estão às voltas com um novo desafio: organizar um filtro para suas análises de crédito, capaz de absorver 42,5 milhões de novos clientes que entraram no circuito financeiro entre 2005 e 2012. Há muito tempo não aparecia notícia tão boa. Em sete anos, a clientela da rede bancária cresceu uma Argentina. Pindorama vive uma época de perplexidade vocabular. Primeiro, apareceu uma tal de “nova classe média”, depois, uma milagrosa “classe C” que frequenta lugares onde não ia (aeroportos, por exemplo). Outro dia Jânio de Freitas reclamou, com toda razão, que as operadoras de planos de saúde chamam sua clientela de “beneficiários”. Ora, beneficiárias são as empresas que mereceram a confiança dos fregueses. Essa nova classe é o velho e bom trabalhador brasileiro. Milhões de pessoas que viviam nas fímbrias da sociedade, trabalhando sem carteira assinada e raramente tinham conta em banco. Iam ao aeroporto ao domingos para apreciar pousos e decolagens.
Essa “gente diferenciada” veio para ficar. Algum pesquisador poderá confirmar que o aparecimento de 42,5 milhões de novos clientes num sistema bancário é um fenômeno mundialmente inédito. O número foi levantado há poucos meses pelo Banco Central. Ele decorre da ampliação do mercado de trabalho formal, batendo a marca dos 50 milhões de brasileiros.
Esse trabalhador tem conta em banco, direitos trabalhistas, crédito nas lojas que vendem móveis e fornos de micro-ondas. É um novo cidadão. Está num mercado consumidor onde a taxa de juros média mensal (5,4%) caiu ao menor nível desde 1995, quando passou a fazer sentido acompanhar esse índice.
Nada disso teria acontecido sem Itamar Franco, que botou Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda; sem o Plano Real e os oito anos de FHC no Planalto; sem Lula, que abriu o crédito para o andar de baixo; ou sem Dilma, que forçou a baixa dos juros. Melhor assim.
O que está sobre a mesa da banca é a necessidade de se adaptar a um país que mudou. Trata-se de aproveitar a oportunidade, em vez de reclamar do fantasma da inadimplência. Ele pressupõe que a demanda de crédito de uma parte desses 42,5 milhões de novos correntistas seja uma fonte de calotes. Falta provar. A indimplência dos brasileiros oscila dentro de uma faixa que vai de 5% (2001) a 8,5% (2009). Hoje está em 7,8%. É mais alta no mercado de venda de carros (8%) e saudavelmente baixa (2%) no crédito imobiliário.
A banca deveria dar a todos os seus diretores dois retratos. O de Amadeo Giannini e o de Carlo Ponzi. Um tinha seu pequeno banco em San Francisco quando, em 1906, um terremoto destruiu a cidade. Ele tirou o dinheiro do cofre e passou a emprestá-lo na rua, contra um aperto de mão. Meses depois, seus depósitos duplicaram. Mais tarde, ergueu o Bank of America. Ponzi tomava dinheiro prometendo um retorno de 50% em 45 dias. Deu um golpe de US$ 200 milhões (em dinheiro de hoje) e acabou na cadeia. Olhando para um, farão seu serviço direito. No outro, verão a ruína. Libertado em 1939, Ponzi veio para a terra onde canta o sabiá. Morava no Rio (Rua Engenho Novo 118, prédio que não existe mais) e morreu na Santa Casa, aposentado pelo Instituto dos Comerciários.”
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
O MENSALÃO DE ABRAHAM LINCOLN
Por Miguel do Rosário em O Cafezinho
No livro de Gore Vidal sobre Abraham Lincoln, o presidente pede a seu secretário de estado que invente pretextos para prender os editores de jornais de Nova York e Washington que lhe faziam oposição. O país estava em guerra civil, e se entendia a batalha na opinião pública como estratégia para a vitória do norte industrial sobre o sul escravista.
E agora ficamos sabendo, através do filme de Spielberg sobre a mesma figura, que Lincoln autorizou um grupo de lobbistas a usarem “todos os meios” para convencer deputados da oposição a votarem em favor da lei da abolição. Há um trecho do filme em que o seu secretário pergunta-lhe, com espanto algo fingido, se o presidente pretendia “comprar” deputados. O presidente responde, também meio que cinicamente, que não se tratava de comprar, mas de oferecer oportunidades. Empregos, cargos, verbas, Lincoln usou todo seu imenso poder para mudar a opinião de alguns deputados do então escravagista Partido Democrata e ganhar a votação mais importante e mais simbólica da história dos Estados Unidos.
Lincoln tinha pressa em aprovar a lei porque entendia que somente ela poderia pôr fim à guerra civil, pois automaticamente produziria um enorme movimento de fuga e deserção de negros tanto dos exércitos confederados como de suas fazendas, desestruturando o inimigo, militar e economicamente.
Os lobistas de Lincoln procuravam representantes democratas e ofereciam-lhe mundos e fundos para votarem em favor da lei. O próprio Lincoln entra na jogada, conversando pessoalmente com alguns deles.
Que lições devemos tirar desses exemplos, ambos comprovados em documentos históricos? Certamente não que devemos mandar prender editores, embora no Brasil há casos em que isso não apenas seria moral e constitucionalmente aceitável como até louvável. Da mesma forma, seria ridículo justificar a corrupção de deputados com o exemplo de um filme de Spielberg.
As lições são as seguintes:
Os abolicionistas de seu partido tratavam-no, desde algum tempo, como um traidor de sua causa, por causa das constantes hesitações quanto ao momento certo de enviar a décima terceira emenda constitucional ao Congresso. Segundo historiadores, Lincoln não queria fazê-lo antes de ter a certeza de que poderia ganhar, e para isso esperava uma boa conjuntura militar na guerra civil.
Por fim, o momento chegou, e Lincoln autorizou o envio da emenda à Casa dos Representantes, para ser votada pelos deputados, e não antes de negociar controversos acordos com dissidentes da oposição, afim de garantir a maioria e ganhar.
De fato, Lincoln não “comprou” nenhum deputado. Ele simplesmente agiu como qualquer governo democrático desde que estes começaram a existir: usou o poder que o povo lhe concedeu para aprovar uma lei que interessava ao povo.
Estas são situações que nos fazem pensar quão triste tem sido a criminalização da política no Brasil, o que não significa que não seja necessário combater o crime político. Em diversos legislativos estaduais e municipais, há casos de mensalão explícito, e não seria difícil descolar provas concretas: bastaria acompanhar a variação patrimonial de deputados e vereadores em todo país, quebrar alguns sigilos (com autorização da Justiça) e praticar a saudável luta judicial, como cumpre às polícias, corregedorias e Ministério Público.
Tão difícil, porém, como combater o crime político, será combater a manipulação da ignorância em relação à política. Na verdade, mesmo sem a mídia, já viveríamos situações difíceis. A democracia tem defeitos. Os sistemas democráticos são falhos, cheios de brechas, lentos, às vezes tão ou mais burocráticos que as piores autocracias; e, na América ao sul do Rio Grande, sofrem com uma crônica e antiga falta de recursos, além de todas as mazelas do subdesenvolvimento. Com as mídias assumindo o papel de principal força conservadora na região, todos esses defeitos parecem hiper-ampliados e as brechas são mais exploradas que nunca. Uma dessas brechas, por exemplo, são leis falhas quando o tema é a concentração da mídia. No caso do Brasil, assistimos inertes a meia dúzia de corporações dragarem quase todos os recursos de publicidade no país, privados e púbicos. Apesar dos bons presidentes, a nossa guerra civil ainda está sendo vencida pelos escravagistas.
Assim como Lincoln só venceu a guerra civil após decretar a abolição, pois isso lhe granjeou o apoio dos 4 milhões de negros que sustentavam a economia do sul, a esquerda apenas poderá conquistar uma vitória estável quando libertar os milhares de jornalistas que são obrigados, por razões estritamente financeiras, a venderem suas consciências e talento a empregadores reacionários.
No livro de Gore Vidal sobre Abraham Lincoln, o presidente pede a seu secretário de estado que invente pretextos para prender os editores de jornais de Nova York e Washington que lhe faziam oposição. O país estava em guerra civil, e se entendia a batalha na opinião pública como estratégia para a vitória do norte industrial sobre o sul escravista.
E agora ficamos sabendo, através do filme de Spielberg sobre a mesma figura, que Lincoln autorizou um grupo de lobbistas a usarem “todos os meios” para convencer deputados da oposição a votarem em favor da lei da abolição. Há um trecho do filme em que o seu secretário pergunta-lhe, com espanto algo fingido, se o presidente pretendia “comprar” deputados. O presidente responde, também meio que cinicamente, que não se tratava de comprar, mas de oferecer oportunidades. Empregos, cargos, verbas, Lincoln usou todo seu imenso poder para mudar a opinião de alguns deputados do então escravagista Partido Democrata e ganhar a votação mais importante e mais simbólica da história dos Estados Unidos.
Lincoln tinha pressa em aprovar a lei porque entendia que somente ela poderia pôr fim à guerra civil, pois automaticamente produziria um enorme movimento de fuga e deserção de negros tanto dos exércitos confederados como de suas fazendas, desestruturando o inimigo, militar e economicamente.
Os lobistas de Lincoln procuravam representantes democratas e ofereciam-lhe mundos e fundos para votarem em favor da lei. O próprio Lincoln entra na jogada, conversando pessoalmente com alguns deles.
Que lições devemos tirar desses exemplos, ambos comprovados em documentos históricos? Certamente não que devemos mandar prender editores, embora no Brasil há casos em que isso não apenas seria moral e constitucionalmente aceitável como até louvável. Da mesma forma, seria ridículo justificar a corrupção de deputados com o exemplo de um filme de Spielberg.
As lições são as seguintes:
1.
A guerra da
comunicação não deve jamais ser subestimada por um governante. Se é errado, sob
as perspectivas morais e legais, ferir as regras democráticas, é igualmente
equivocado, do ponto-de-vista político, abandonar a luta ideológica no campo do
simbólico.
2.
A luta
democrática envolve dilemas éticos extremamente complexos, que só mesmo o velho
Maquiavel poderia entender.
O
que Lincoln deveria fazer?Os abolicionistas de seu partido tratavam-no, desde algum tempo, como um traidor de sua causa, por causa das constantes hesitações quanto ao momento certo de enviar a décima terceira emenda constitucional ao Congresso. Segundo historiadores, Lincoln não queria fazê-lo antes de ter a certeza de que poderia ganhar, e para isso esperava uma boa conjuntura militar na guerra civil.
Por fim, o momento chegou, e Lincoln autorizou o envio da emenda à Casa dos Representantes, para ser votada pelos deputados, e não antes de negociar controversos acordos com dissidentes da oposição, afim de garantir a maioria e ganhar.
De fato, Lincoln não “comprou” nenhum deputado. Ele simplesmente agiu como qualquer governo democrático desde que estes começaram a existir: usou o poder que o povo lhe concedeu para aprovar uma lei que interessava ao povo.
Estas são situações que nos fazem pensar quão triste tem sido a criminalização da política no Brasil, o que não significa que não seja necessário combater o crime político. Em diversos legislativos estaduais e municipais, há casos de mensalão explícito, e não seria difícil descolar provas concretas: bastaria acompanhar a variação patrimonial de deputados e vereadores em todo país, quebrar alguns sigilos (com autorização da Justiça) e praticar a saudável luta judicial, como cumpre às polícias, corregedorias e Ministério Público.
Tão difícil, porém, como combater o crime político, será combater a manipulação da ignorância em relação à política. Na verdade, mesmo sem a mídia, já viveríamos situações difíceis. A democracia tem defeitos. Os sistemas democráticos são falhos, cheios de brechas, lentos, às vezes tão ou mais burocráticos que as piores autocracias; e, na América ao sul do Rio Grande, sofrem com uma crônica e antiga falta de recursos, além de todas as mazelas do subdesenvolvimento. Com as mídias assumindo o papel de principal força conservadora na região, todos esses defeitos parecem hiper-ampliados e as brechas são mais exploradas que nunca. Uma dessas brechas, por exemplo, são leis falhas quando o tema é a concentração da mídia. No caso do Brasil, assistimos inertes a meia dúzia de corporações dragarem quase todos os recursos de publicidade no país, privados e púbicos. Apesar dos bons presidentes, a nossa guerra civil ainda está sendo vencida pelos escravagistas.
Assim como Lincoln só venceu a guerra civil após decretar a abolição, pois isso lhe granjeou o apoio dos 4 milhões de negros que sustentavam a economia do sul, a esquerda apenas poderá conquistar uma vitória estável quando libertar os milhares de jornalistas que são obrigados, por razões estritamente financeiras, a venderem suas consciências e talento a empregadores reacionários.
Assinar:
Postagens (Atom)